Sobre o Ano Novo: superstições, calcinhas e nada disso.

Todo fim de ano é a mesma coisa: esperar a meia noite chegar com apenas o pé direito no chão, enfiar todo o dinheiro que houver na carteira dentro do sapato, comer lentilha pra ter prosperidade e guardar os caroços de doze grãos de uva (que todo mundo perde em menos de uma semana). Se estiver na praia, pular sete ondas no mar. E, inevitavelmente você vai acabar bebendo por engano a espumante doce que a sua tia trouxe e vai ficar com dor de cabeça no dia seguinte.

É claro que dá pra acrescentar quinhentos mil outros detalhes aqui, mas só com esses “itens básicos de virada de ano” já dá pra imaginar e lembrar de uma porção de histórias engraçadas que aconteceram na última festa do ano. Não, eu não esqueci daquele outro detalhe fundamental: a tal cor da calcinha.

Cada fase das nossas vidas é permeada por uma determinada cor de calcinha usada na festa de Réveillon. Eu lembro que a minha adolescência foi regida pela cor vermelha. Era sagrado, minha prima e eu sempre repetíamos a “cor da paixão” nas nossas calcinhas. E quase sempre passávamos a virada de ano juntas. Se não me engano, isso aconteceu por algumas vezes seguidas. Porque na adolescência, tudo o que a gente quer é se apaixonar. Ou que aquela pessoa de quem a gente está a fim nos olhe de forma diferente, nos corresponda. Isso parece a nossa única preocupação na vida (leia-se: nas férias de verão e depois na escola). E a gente deposita todas as nossas fichas em uma cor de calcinha.

Depois de um tempo, a gente aprende a lidar bem com essas questões do coração. Depois de tantos amores furados, a gente fica meio “vacinada”. Mas continua errando, bem feliz. É nesse momento em que a gente começa a trocar a cor da calcinha. Não sei vocês, mas eu perdi a conta de quantas calcinhas amarelas eu comprei. Eu acho que umas dez, sem mentira. Dez anos seguidos torcendo para que a calcinha amarela nos traga uma graninha a mais. Dez festas de Réveillon achando que, juntando todos os rituais do início do texto e a bendita calcinha, dessa vez a coisa vai engrenar.

Quando passa o Natal, e a gente termina de digerir a comilança da ceia (que durou umas três refeições), começamos a pensar no ano que passou: amores que começaram ou terminaram, o emprego do qual você saiu e o novo que você começou (ou aquele que você ainda está procurando), as pessoas que a gente conheceu e as amizades que se desfizeram. O engraçado é que, ao longo do ano, a gente tende a pensar muito mais nas coisas que a gente perde do que as que a gente ganha. E, no fim do ano, tudo faz sentido.

Talvez aquele grande amor que, contra todas as probabilidades, chegou ao fim, estava só preparando você para um novo amor que vai chegar sei lá quando; Talvez aquele emprego que caracterizava a sua “estabilidade financeira” nem te valorizasse tanto assim e, sair de um lugar que parecia tão certo, era só o empurrãozinho que faltava para você tomar as rédeas da sua vida profissional; Talvez aquela sua “melhor amiga” (que começou a ficar estranha quando você mais precisava dela, durante o término do seu namoro), só estava esperando a chance para dar em cima do seu ex e você só descobre isso quando ele mesmo te conta, todo apavorado. Aí você começa a perceber que as coisas ruins que acontecem sempre têm um lado bom.

Aquilo que a gente chama de “coisas ruins” são apenas sinais de que as coisas não podem permanecer da maneira que estão. Na verdade, as coisas nunca duram pra sempre nas nossas vidas. Mas o fato de uma cosa boa ter chegado ao fim não significa que o mundo vai desabar. Porque a vida não é feita de apenas um momento bom, mas vários. Então, cada vez que um ciclo na sua vida chegar ao fim, não fique triste, porque o fim indica um novo começo. Olha só que lindo isso! [hehehe]

Depois de dez viradas de ano fazendo todas as simpatias possíveis para ter mais dinheiro, eu finalmente juntei uma grana bem boa no início deste ano. Achei que eu fosse viajar, mas meus planos não deram muito certo. Acho que faltou coragem. De forma subconsciente, eu comecei a me sabotar e gastar o meu dinheiro. De repente, me dei conta de que o dinheiro estava acabando e que aquela não era uma boa hora de isso acontecer. Em menos de um ano, fui de milhares de reais positivos a uma boa quantia negativa no banco. Me apertei aqui e ali, tive de dar um jeito. E bem nessas horas é que gente lembra da calcinha amarela que não nos ajudou e esquece da má administração financeira que ocorreu por inteiramente culpa nossa.

Eis que eu comecei a me organizar financeiramente há mais ou menos uma semana. Sim, depois de muitos meses, nem tem cabimento uma coisa dessas. Fiz uma planilha, coloquei lá todos os meus gastos, meus lucros, fiz previsões para os próximos meses. Foi aí que eu me dei conta de que, independente das simpatias e da cor da calcinha usada na virada de ano, quem faz o nosso destino somos nós mesmos. As nossas conquistas não caem no nosso colo. Por mais que algumas vezes a gente pense que houve um golpe de sorte no nosso caminho, se a gente não tivesse dado o primeiro passo, nada disso estaria acontecendo.

Fico feliz em dizer que neste ano eu tive muitas conquistas. Comecei coisas novas, abri meu próprio negócio, o blog cresceu, fiz minha primeira cobertura de show e minha primeira entrevista internacional, tracei metas totalmente diferentes do que eu já havia imaginado. E posso te dizer de antemão: eu tô preparando muitas coisas legais pra 2016! Mal posso esperar!

E você acha que eu vou deixar de começar o ano com o pé direito? As superstições de fim de ano continuam as mesmas, mas dessa vez, a calcinha é branca. Porque, independente de qualquer coisa que está por vir, eu quero estar em paz. Comigo mesma e com as outras pessoas. Por isso, nessa virada de ano, eu te desejo todas as coisas que você também desejar para si. Mas, acima de tudo, que você saiba compreender que as coisas que acontecem com a gente podem servir para o nosso crescimento. Que nas suas reflexões, você consiga perceber que tudo fez sentido, de alguma forma, nesse ano que passou. E que nas suas resoluções e metas de ano novo estejam muitas coisas boas e que você consiga realizar todas elas, basta dar o primeiro passo!

Mas e aí? O que você planeja para 2016? O que você quer deixar pra trás e o que você quer começar? Conta pra mim aqui nos comentários! Sério, gente, eu realmente quero saber! E eu vou responder todo mundo! Beijocas!

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