Um filme dentro de mim? É isso mesmo?

Pense rápido: um filme que seja muito, muito legal e que você não cansa de ver. Pode ser o seu preferido ou um dos preferidos (para os indecisos adoradores de muitas coisas). Bem, inúmeras respostas cairiam como tijolos na minha cabeça, pois há uma infinidade de filmes e muitos deles são bons. De verdade. Esse não é somente um texto sobre filmes, uma vez que a maior parte dele é de conteúdo autobiográfico. Mas vamos lá, vocês vão gostar.

Eu, como um adoradora que quer estar dos dois lados da câmera, gosto de filmes que vão do cinema mudo aos efeitos especiais. Sou uma grande fã dos Marx Brothers e tudo o que lembra os tempos de Vaudeville. Nem vou mencionar o meu queridão Chaplin, pois ele merece um post só pra ele. Gosto de filmes que me fazem rir, chorar, sorrir e pensar. Aqueles que me inspiram e que têm me influenciado desde que eu era beeem pequenininha.

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Quem acredita se eu disser… que morria de medo do Máskara?

Que meus filmes favoritos (aqueles que a criança assiste quinhentas mil vezes em sequência) eram “O Estranho Mundo de Jack” de Tim Burton e “Os Três Ladrões”, uma adaptação do livro de Tomi Ungerer?

Que quando eu avistava a capa de “Cônicos e Cômicos” e “Marte Ataca” na locadora, eu simplesmente olhava para o outro lado?

Que o fato de eu um dia querer ter sido Engenheira de Alimentos e o tipo de tênis que uso foram fortemente influenciados pelo Marty McFly, de “De Volta para o Futuro 2”?

Que eu congelava a tela nos créditos só pra poder anotar o nome das músicas da trilha sonora em um caderninho?

Bem se vê que eu não era uma criatura normal. E quem disse que eu me importava? (:

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Pequenas coisas. Detalhes do dia-a-dia. Breves rituais. Quando criança, eu não gostava de ir pra escola. Eu estudei no maternal apenas no primeiro semestre de 1993. Tive de sair pois volta e meia ficava com dor de ouvido e a minha mãe não queria mais me dar antibióticos. Eu ainda não havia completado 3 anos de idade, mas lembro de alguns colegas, do banheiro, o pinico que ficava no canto da sala de aula da minha prima e do menino que eu fazia chorar todos os dias porque eu o beijava à força (não sou mais assim, tá?). No ano seguinte, comecei a pré-escola em outro lugar. O primeiro ano foi legal, mas o segundo eu achava uma chatice. Então ficava em casa ouvindo o disco do Michael Jackson e o das melhores músicas do Oscar. Tampava as fitas cassette com fita adesiva, colocava um fone de ouvido na entrada para microfone e gravava meus próprios podcasts (que eu chamava Rádio Tico e Teco, já que para ouvir eu pressionava Fast Forward enquanto a fita tocava e a minha voz realmente ficava como a dos esquilinhos). Eu já sabia ler e escrever. Os meus colegas comiam pão com mel. Eu comia papel. Literalmente.

Falando em comer, alguém já lhe contou do meu extinto ritual para comer Bis? Tudo o que eu precisava era de um Bis, um prato e uma faca. Abria com cuidado o invólucro de papel, colocava o chocolate no meio do prato e começava a cortá-lo em finíssimas fatias e assistia o chocolate se despedaçar e esfarelar enquanto eu o comia com o dedo indicador (grudando os farelos no dedo todo babado).

Quem me conhece bem, leu tudo e deu risada porque conseguiu imaginar isso vindo de mim. Se você é uma dessas pessoas (ou, mesmo que você não seja), você vai sentir a mesma coisa ao assistir a cena de abertura de um filme com um espaço muito especial na minha vida. Aposto que muitos de vocês também vão se identificar com esse pequeno compilado de cenas. Antes de eu começar a falar do filme, aperte o play aí e assiste este vídeo. (:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=pWNO-4GgIP4?rel=0]

Sim! Essa é a abertura do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. Um lindo, encantador, fantasioso, colorido e inspirador filme. O “fabuloso” aqui significa exatamente o que retrata o dicionário: Adj. Que tem características de fábula; [por metáfora] que, sendo real, parece imaginário; relativo à ficção, à imaginação; quimérico; alegórico.

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Um colorido tão vivo, como se fosse extraído de contos infantis. Uma trilha sonora apaixonante. Personagens com traços de personalidade tão marcantes que chegam a ser caricatos (uma hipocondríaca, um ciumento inveterado, um inocente ajudante de quitandeiro, um frágil e sábio pintor). Pequenas historinhas são contadas pelos pequenos núcleos que cercam a vida de Amélie.

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Ela, que quando pequena ficava tão emocionada ao ser examinada por seu introvertido pai médico, foi diagnosticada com doença do coração. Devido a ela, passou sua infância estudando em casa e brincando em casa. Perdeu sua mãe em uma tragédia. Tá, contei isso pra você pensar que o filme é uma tristeza só e eu poder te provar o contrário. Ao chegar na vida adulta, Amélie sai de casa e se muda para Montmarte. Em um buraco na parede de seu banheiro ela descobre uma caixinha com pertences de um menino que morou ali quarenta anos antes dela. Eis que ela decide encontrar o dono da caixinha. Eis que a sua vida começa a mudar assim como a minha mudou.

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Descobri que eu tenho uma Amélie dentro de mim. A Amélie Poulain habita o corpo e a mente de quem sonha, de quem sente a felicidade chegar de mansinho ao colocar a mão dentro de um saco cheio de grãos, de quem tenta mudar a vida das pessoas ao redor pra melhor, de quem investiga mistérios… e mais, de quem acredita no amor. É com muito orgulho que apresento “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, de Jean-Pierre Jeunet, como o primeiro post sobre cinema aqui do blog. Assista e veja sua vida com olhos fabulosos, se é que me entende. ;)

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Beijocas.

TRILHA SONORA DO POST:

Escolhi a dedo algumas músicas da trilha sonora, composta por Yann Tiersen. Incluí as duas músicas que não são dele, que  não são instrumentais e que também fazem parte do filme. Aconselho a ouvir a trilha inteira. Quem é apaixonado pela França vai cair de amores ainda mais.

La Valse d’Amélie – Yann Tiersen Uma das principais músicas da trilha, o vídeo link contém cenas pontuais do filme.

Guilty – Al Bowlly Essa música é muito especial porque, além de ser trilha sonora de Amélie, ela aparece no filme “Monkey Business” dos Marx Brothers.

Si tu n’étais pas là – Fréhel

La redécouverte – Yann Tiersen

La valse des monstres – Yann Tiersen

La maison – Yann Tiersen

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