Assim como a oficina de escrita, uma oficina de música simplesmente “pipocou” na minha frente em um dia que eu estava de bobeira no Facebook. Uma amiga minha confirmou presença em um evento que me chamou a atenção.
Era a oficina de criação de música chamada “Letra & Música”, ministrada por [ninguém menos que] Kleiton & Kledir, no dia 10 de setembro. A oficina é uma iniciativa da dupla, e vem sendo apresentada pela Secretaria de Estado da Cultura e pela empresa GVT através da LIC (Lei de Incentivo à Cultura). Esse projeto já aconteceu em escolas e favelas do Rio de Janeiro e agora está aqui no Rio Grande do Sul em quatro universidades: PUC, Unisinos, UFRGS e Ulbra. Essa oficina mostra como funciona o processo de composição da música, permitindo que os alunos “coloquem a mão na massa”.
Cartaz de divulgação da oficina
Eu participei da oficina que aconteceu na Unisinos, no dia 10. Rolou um bate-papo muito divertido e um grande aprendizado sobre música: ritmo, harmonia, melodia e letra, juntamente com rimas, prosódia, métricas… tudo exemplificado com músicas de grandes artistas de várias épocas e lugares do mundo. O meu pequeno conhecimento como estudante de música me permitiu colocar as ideias no lugar sem arrancar os cabelos. Mas a oficina estava tão divertida e foi conduzida com tanta suavidade pelos irmãos Ramil, que mesmo as pessoas mais leigas já começaram a tirar da gaveta o sonho de compor músicas. A criação da nossa canção foi o seguinte: Depois da escolha do ritmo que faria a base, os alunos decidiram os acordes que usariam, como seria a melodia e, por último, a letra. A música foi gravada ali mesmo e todo mundo levou uma cópia do CD pra casa. Eu não dei palpites nos acordes porque isso não é da minha alçada (ainda!) e, durante a construção da letra, eu só observei. Fiquei tentando absorver tudo o que estava acontecendo e digerir tudo o que eu havia aprendido. Óbvio que no dia seguinte eu rabisquei algumas ideias no meu caderninho! O que eu achei mais mais mais legal foi que, além de a música levar o nome de todo mundo como compositor, toda a arrecadação financeira que houver será destinada a alguma instituição de ensino de música. Uma atitude louvável, com toda a certeza.
Sim! Eles são uns queridos!
Eu captei umas imagens e fiz um vídeo para a música composta pela nossa turma, a do dia 10, na Unisinos. Dá uma olhadinha:
No dia seguinte à oficina, acontece o show da dupla, acompanhada pelo maestro Dudu Trentin (que também teve grande contribuição na oficina. O cara é fera, sabe muito mesmo). Claro, não poderia faltar: durante o show, rola a apresentação da música composta pelos alunos durante a oficina. Pra quem é fã de Kleiton & Kledir como eu, nem preciso dizer o quanto o show é maravilhoso. Picos de romantismo e diversão se misturam com depoimentos contados pela dupla sobre a sua trajetória musical.
Momento do show em que Lucas, aluno da oficina, foi convidado a subir no palco com sua viola. O guri é bom!
Durante o show, o Kledir comentou que, ao longo da carreira deles, muitos casais que acompanham as apresentações da dupla chegam até a comentar com eles o quanto suas composições tiveram forte influência nas suas vidas amorosas. Como se os artistas tivessem meio que virado “padroeiros” dos apaixonados. Casais de namorados que casam, passam os anos, têm filhos, e depois levam os “Kleitinhos” e os “Kledirzinhos” pra assistir os shows junto com os pais. Quando eu ouvi aquilo, eu pensei “aaah! Então não foi só comigo!”, porque muitas pessoas achavam esquisito que as músicas da dupla também serviram de trilha sonora no meu “primeiro encontro” com o meu primeiro namorado de verdade. É que as músicas deles não estavam inseridas no contexto da infância e adolescência das pessoas do meu círculo de amizades. Bom, pra quem variava entre escutar o disco do Glenn Miller, o do Michael Jackson e o da Xuxa numa mesma tarde, não é de se se espantar que o meu gosto musical seja BEM amplo.
Bem, voltando à história do meu “primeiro encontro”. Na verdade, estávamos todos os amigos em uma festa de aniversário de um ex-colega de escola. O aniversariante bebeu meia garrafa de tequila direto no gargalo e foi parar no hospital. Já que a festa havia acabado, todo mundo decidiu ir pra uma outra festa. E o guri, que depois virou meu namorado, me ofereceu carona. Eu, como sou muito sem noção, já fui olhando os CDs que estavam no porta-luvas do carro e comecei a escolher o que botar pra tocar no rádio. O primeiro CD que eu achei foi uma coletânea da dupla e coloquei pra tocar, afinal de contas, eu era fã de Kleiton & Kledir desde 1997, quando a minha irmã comprou o CD com os hits do festival Planeta Atlântida, que continha a música Mamma Mia. Acho que eu sabia a música até de trás pra frente, de tanto que eu escutava aquele CD.
“Quando escuto uma conga latina, dá uma taquicardia…”
Embalados pela trilha sonora dos irmãos Ramil, conversamos sobre muitas coisas: sobre a nossa família, faculdade, o que gostaríamos de fazer no futuro. Eu mal poderia imaginar que o cara viraria o meu namorado não muito tempo depois. Mas a trilha sonora… eu nunca esqueci. Como a maioria das coisas na vida, meu namoro durou uns meses mais do que um ano. O álbum de 2009 da dupla, intitulado Autorretrato, serviu de trilha sonora pra minha fossa. Exatamente no dia em que completaríamos 2 anos de namoro, houve um show de Kleiton & Kledir, em Porto Alegre. Isso já era o suficiente pra saber que sim, a música deles definitivamente era parte da minha vida.
Esse ano eles lançaram o álbum “Com Todas as Letras”, em que as letras das músicas foram compostas por grandes escritores aqui do Rio Grande do Sul. A ideia teve início nos anos 1970, junto com o escritor Caio Fernando Abreu, quando a dupla ainda tocava na banda Almôndegas. Quando resolveram colocar a parceria, mesmo que póstuma, em prática, veio a ideia de trabalhar também com outros escritores. Dentre eles, estão Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar, Leticia Wierzchowski (sim a mesma escritora da oficina que eu fiz uma semana antes do meu aniversário!), Daniel Galera, Paulo Scott, Claudia Tajes, Alcy Cheuiche e Lourenço Cazarré. As músicas são bem diferentes umas das outras porque, além de contar com uma temática composta pelos próprios escritores, a levada de cada música é inspirada nas bandas ou artistas preferidos de cada um deles.
Clique aqui e conheça o novo álbum, Com Todas as Letras, no site da dupla.
“Lixo e Purpurina”: composição em parceria com Caio Fernando Abreu e interpretação com Adriana Calcanhotto
É óbvio que eu já ouvi o CD inteiro, mais que uma vez, e digo: vale a pena! E quem não conhece o trabalho deles ainda (ou do irmão deles, Vitor Ramil), vocês não sabem o que estão perdendo! Vou colocar aqui embaixo uns vídeos para que vocês possam escutar um pouquinho.
[ATUALIZANDO]
No dia 10 de outubro, saiu uma reportagem sobre o novo álbum da dupla e sobre a oficina Letra & Música no quadro InspiraAção do programa Mistura com Rodaika, na RBS, afiliada da Rede Globo. E… adivinha! As cenas da oficina que apareceram na reportagem foram as do vídeo que eu fiz! Fiquei tão feliz!
Confiram o vídeo clicando na imagem abaixo:
[FIM DA ATUALIZAÇÃO]
“Autorretrato”: enquanto eu estava na fossa, escutando o álbum de mesmo nome, essa música fez eu me aproximar mais da minha irmã (que é completamente diferente de mim).
“Pingo à Soga”: interpretação LINDA do irmão da dupla, Vitor Ramil, para o poema de João da Cunha Vargas. Sério, é de chorar.
“Paixão”: uma das músicas mais lindas que eu já escutei na vida. Quer conquistar uma guria? Canta essa música pra ela (ou envia por e-mail, se tu canta mal) e ela vai te dizer “me beija AGORA”. hehehe
“Corpo e Alma”: uma versão para “Bridge Over Troubled Water” de Paul Simon, da dupla Simon and Garfunkel.
E então, pessoal? O que vocês acharam? Aposto que deu aquela vontadezinha de compor uma música, certo? Só te digo uma coisa: vai em frente porque é possível!
Beijocas.
Oi! Acabei de descobrir o teu site e amei demais!
Eu estava na oficina e como tu mesmo disse, deu aquela vontade de compôr. hahaha Com certeza foi uma experiência maravilhosa e o teu texto ficou muito bom. Parabéns!!
Beijos
Oi Carol!
Muito obrigada pelo comentário. Fico muito feliz que tu tenha gostado da oficina também! Uma perguntinha: como tu achou o blog?
Beijocas