Todo mundo, em algum ponto da vida, já sonhou em ter um amor bem no estilinho daquelas comédias românticas. Melhor dizendo, um “amor de cinema”, com direito a final feliz e cena pós-créditos. Mas o que acontece normalmente é um “amor de gibi”.
Para sermos mais exatos, vamos substituir a comédia romântica por um enredo de super-heróis. Antes de você começar a se imaginar dirigindo um dos carrões do Tony Stark (vulgo Homem de Ferro), ou vestindo as roupas ultra sexy da Natasha Romanoff (vulgo Viúva Negra), já adianto que não tem glamour no que eu chamo de “amor de gibi”, principalmente no que diz respeito ao papel que você assume.
Nesse tipo de relacionamento, normalmente uma das pessoas se coloca no papel de super-herói e coloca a outra pessoa no lugar da mocinha indefesa. Dessa forma, “super-herói” (ou heroína) em questão acha que sempre precisa ficar salvando a mocinha de tudo. Sempre está ali para afugentar todos os perigos e levar a mocinha sã e salva para casa.
Adaptar esse clichê das histórias em quadrinhos para o âmbito amoroso só torna tudo um fracasso. Um relacionamento desigual em que, sem notar, a pessoa que faz o papel de herói acaba simplesmente sugando a outra, porque acha que ela não vai conseguir dar conta de sua vida sem que o seu “herói” esteja ali para “salvar o dia” e decidir como tudo deve ser feito.
Outro clichê dos quadrinhos que também é comum ver na vida real é aquele do “fracassado” que é escolhido para virar um super-herói devido ao seu bom coração ou algum outro atributo intangível considerado honorável. Uma coisa a la Capitão América. Algumas pessoas têm uma grande tendência em se interessar por pessoas que ninguém mais se interessa. Aquelas que são do tipo “uma jóia a ser polida”: por baixo de toda essa poeira tem algo de bom, entende? Pois é. Aí, essas pessoas estão sempre em uma relação conflituosa em que elas acham que precisam “melhorar” a outra pessoa a todo custo – visto que quase sempre a outra pessoa nem quer e muito menos pediu pra ser melhorada. E quando se fala em “melhorada”, é para um patamar de beleza em que A OUTRA pessoa considera adequado. Adequado só para ela, vamos dizer assim. E isso tá errado. Esse tipo de relação também envolve uma pessoa dominadora e uma dominada, como no exemplo anterior, e isso nunca foi positivo. Pra ninguém!
Quais são os frutos que se pode colher de uma relação assim? Uma coisa é certa: por mais que a gente tente mudar alguém, essa pessoa nunca vai ser como a gente quer que ela seja. Isso certamente vai gerar uma frustração, mas é importante saber que um relacionamento não é um laboratório para fazer experimentos científicos. Ninguém está ali para brincar de marionetes e decidir o futuro dos outros.
Subjugar ou tentar mudar a pessoa que está em um relacionamento com você só te torna o vilão da história. E ser a vítima desse vilão também não prevê um “e foram felizes para sempre” no desfecho. Se você está em um relacionamento deste tipo, não interessando qual é o seu papel, só posso dizer uma coisa: se continuar assim, não vai dar certo.
Aquilo que entendemos por “amor” é aceitar o outro como ele é. É amar os defeitos e as qualidades ao mesmo tempo. Todos nós temos defeitos, mas cabe somente a nós mesmos decidir quando e o que mudar. Queremos ser a melhor versão de nós mesmos, por dentro e por fora. E podemos ser, mas o poder de escolha está somente nas nossas mãos.