Aos 14 anos, tive meu primeiro beijo. Foi lindo: teve frio na barriga, teve nervosinho, foi romântico e tudo o mais. Mas sabe o que mais me marcou? O que eu mais lembro, até hoje, quatro anos depois? Foi uma senhora que passou por mim e pelo menino com quem tive meu primeiro beijo e meu primeiro romance.
Ela passou por nós e disse: “o amor é lindo”. Aquilo, para mim, foi um sinal de que eu iria passar o resto da minha vida com aquele primeiro cara. E eu me agarrei a isso por muito tempo. Mesmo quando o namoro já estava mais que acabado e só eu não queria admitir, eu dizia pra mim mesma que iria casar com ele. Mas não, ele não foi o grande amor da minha vida. Muito menos a pessoa mais importante que passou por ela. Foi só mais uma história pra eu contar. Até me dar conta disso, eu culpei aquela senhora. Jurei pra todo mundo que ela estava errada, que o amor era uma tragédia, e que não servia pra nada. Desejei por muito tempo que ela não tivesse dito aquelas palavras. Tentei, inclusive, esquecê-las.
Mas sabe, depois foi passando. A ferida foi curando, o buraco foi se enchendo de amor novamente. Principalmente do amor que mais estava me faltando: o amor-próprio. E então eu fui aprendendo com o amor. Aprendi que as melhores coisas acontecem de repente. Aprendi que um amor de verão não precisa ser só de verão, e que não precisa estar perto pra se estar junto. Aprendi que o amor é muito mais que namoro. Amor é amizade, cumplicidade. Amor é conhecer mais o outro do que ele se conhece. Amor é a ligação de madrugada só pra dizer que chegou bem em casa e que já tá com saudade. Amor é esse sentimento que cresce dentro da gente aos pouquinhos… Devagarinho, assim como quem não quer nada… E quando se percebe, mergulhou fundo e tomou todo o coração.
Depois de um tempo aprendendo com o amor, lembrei novamente daquela senhora e o que ela disse. Pensei um pouco e concluí que o amor é lindo, sim. Meu primeiro amor foi lindo, e o segundo também, assim como todos os outros. Todo amor é lindo. Não importa se é um daqueles amores platônicos que nunca vão sair da imaginação ou um amor de dez anos de namoro. Se é um amor de um minuto por alguém no ponto de ônibus ou amor de algumas horas por alguém em uma festa. Amores de intercâmbio, que duram 6 meses e depois cada um vai pro seu lado. Amores de dias, que o destino põe no quarto ao lado durante aquela viagem, ou amores de uma vida inteira.
O ser humano, na sua santa inocência, ou na sua mania de cega esperança, sempre espera que aquele amor do presente seja o amor eterno. E não nos culpo. Qual a graça de cultivar um amor se não acredita que aquele é o amor da sua vida? Que vai durar pra sempre, que vão casar e ter filhos? O problema é que nem sempre é assim. Não vai tão longe. Termina logo ali no próximo cruzamento. E a gente culpa quem? O amor. A gente culpa aquela senhora que disse que o amor é lindo.
O que a gente não sabe é que o amor é lindo independente de dar certo com aquele carinha ou não. Independente de tudo, o amor sempre vai ser lindo. Vai ser sempre o lado bom da vida. O motivo do sorriso nos dias de chuva. O amor sempre vai ser aquele sentimento de libertação da rotina. O amor verdadeiro é o nosso motivo para continuar tentando; passando pela vida e tendo vários amores, até encontrar o maior deles. Aquela menina de 14 anos que ficou revoltada com a senhora da frase, cresceu. Teve outros amores. Alguns duraram uma noite, outros algumas semanas, mas todos foram lindos. Atualmente, essa menina tem um novo amor. O preferido dela. E ela tem sim essa esperança de que esse seja pra sempre, de que esse seja o grande amor da vida dela. Mas a melhor parte de tudo é que, esse amor, ela nunca vai subestimar. Porque agora ela aprendeu. O amor é difícil; pode acabar na esquina, quando se achava que atravessaria o país. Mas, acima de tudo, o amor vale a pena. O amor é lindo.
Ah!! o amor…como você definiu bem o amor. O amor é difícil, mas o amor é lindo.
Bjs