SOBRE DECISÕES, AMOR, MEDO E A VERDADE EM “QUEM NÃO ARRISCA, NÃO PETISCA”

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Tudo o que acontece em nossas vidas é resultado de uma decisão. A sua existência é resultado da decisão dos seus pais em ter um filho. Você só está lendo este texto porque tomou tal decisão. Mas algumas decisões exigem um pouco mais – ou um pouco menos – de nosso intelecto, corpo e sentimento. Mas tudo é relativo, inclusive a maneira com a qual você vê essas decisões.

O livro As Aventuras de Tom Sawyer, do escritor Mark Twain, conta a história de um menino que vive na casa de sua tia Polly às margens do Rio Mississipi. Como toda criança, ele vive fazendo peripécias, mas houve uma situação em particular que me chamou a atenção. Por ter se metido em uma briga e ter sujado toda sua roupa, Tom recebeu um castigo de sua tia: um balde de cal e um pincel para caiar uma cerca. Já na primeira pincelada, aquela parecia ser a tarefa mais massacrante do mundo para o menino. Sentou-se desanimado num caixote. Eis que aparece Ben, o menino que, com certeza, zombaria da cara de Tom por causa do castigo. E ele tinha na mão uma maçã, só pra constar. Num piscar de olhos, Tom se levanta e continua a caiar a cerca como se aquilo fosse uma obra de arte. Analisava cuidadosamente cada pincelada. Ben deu o primeiro sinal de zombaria ao comentar que estava a caminho do rio para nadar, mas que Tom não poderia ir, já que estava trabalhando… – sinta o tom irônico do comentário. – E a resposta foi: “Que é que você chama de trabalho?”. Ele fingiu que estava caiando a cerca porque queria muito fazer isso e porque havia sido escolhido para tarefa de tal grandeza. Argumentou, inclusive, que não era todo dia que um menino tinha uma oportunidade como aquela. Ben se interessou e pediu para fazer um pouco. Tom relutou, dizendo que se fosse a cerca dos fundos, vá lá. Mas que tia Polly era uma pessoa muito exigente com a cerca, não poderia ser qualquer um. Depois de muita insistência de Ben, Tom permitiu que o menino caiasse a cerca em troca da maçã. No meio da tarde, ele estava com os bolsos cheios de presentes e os meninos fazendo fila perto da cerca para executar a tarefa que era uma tremenda tortura para Tom.

É claro que esta é uma história fictícia, mas o fato de que uma pequena decisão pode mudar o seu dia, ou quem sabe sua vida, é indiscutível. Tudo depende da maneira como encaramos as coisas e o momento em que tomamos a decisão que pode virar todo o jogo. Nessa onda de referências sobre decisões, me deparo com um vídeo. Me deparo não! Um amigo me enviou o link achando que eu iria gostar. Dito e feito. Ele se trata de uma cerimônia de formatura e quem está discursando é ninguém menos que Jim Carrey. Antes de você pensar “Ah, que droga! Vídeos motivacionais”, quero dizer que vale muito a pena assistir. E olha que quem tá falando é a menina que tinha medo do Máskara. Se você não quer despender de vinte e poucos minutos para assistir ao vídeo com o discurso inteiro, assista a versão resumida aqui.

Mesmo que você não assista a qualquer um dos vídeos, neste post eu vou discorrer um pouco acerca de alguns pontos-chave do discurso (e é por isso que o restante do texto estará em tópicos). Ah, e para não ficar muito extenso, vou separá-lo em duas partes. Então vamos lá.

“AS DECISÕES QUE TOMAMOS SÃO BASEADAS NO AMOR E NO MEDO” e “O MEDO DISFARÇADO DE PRATICIDADE”:

E se eu responder aquela mensagem? E se eu não ligar? E se eu enviar o meu currículo? E se não gostarem de mim? E se eu curtir aquela foto? E se ele desconfiar que eu tô a fim? E se eu for naquela festa? E se eu ficar esperando em casa? E se eu fizer uma tatuagem? E se eu me arrepender? E se eu mentir? E se eu abrir o jogo?

No meio de tantas perguntas, você deve ter se identificado com alguma. Se você reparar, a pessoa que perguntava tantas coisas acabou por fazer nenhuma delas. Isso mesmo, NADA. Enquanto brincamos de adivinhar a vida, ela passa, muitas coisas acontecem e, quem pergunta demais, acaba comendo poeira. Essa é uma vida – ou uma fase, assim espero – dominada pelo medo. “Ah, eu vou escrever aquilo que eu penso, mas se em cinco minutos ninguém curtir, eu deleto o que postei.” Tem cabimento? Não, né? Mas isso acontece com muitos de nós, acredite.

Vale a pena viver à mercê da opinião e aprovação dos outros? Vale a pena deixar de fazer o que se gosta para esperar alguém mais começar a fazer, só pra ver se vai dar certo? Não vale. A vida passa. E esperando, eu demorei mais de quatro anos para publicar o meu primeiro post aqui no blog. Hoje eu vejo o quanto demorei para começar a me divertir, coisa que eu já poderia estar fazendo há muito tempo. Todos os dias eu fico rabiscando, mentalmente, alguns rascunhos de texto para o próximo post. E sem entender como eu consegui ficar tanto tempo sem fazer isso.

E te digo uma coisa que talvez te anime: você não é o único que fica só pensando na vida, torcendo que algo grandioso aconteça. Talvez um “oi, tudo bem?” seu seja aquilo que alguém esperou o dia inteiro. E talvez você esteja esperando o mesmo dessa pessoa. Ou talvez de outra, que também espera o “oi” de alguém. E, por isso, ninguém age. E ficam imaginando, então, como tudo teria sido se tivessem enviado a pequena mensagem que tanto escreveram e apagaram.

Mas se você age por amor, vive mais. Tem mais chances de quebrar a cara sim, mas e daí? Aquele friozinho na barriga, a ansiedade da resposta, as consequências e as alegrias. Tudo aquilo que você tanto almeja, depende somente das suas decisões. Agir por amor pode ser mais difícil do que agir pela praticidade do medo, de deixar tudo como está e torcer pelo melhor. Agir por amor pode demandar um pouco mais de energia. Mas vamos dizer que não é uma energia gasta, e sim investida e renovada a cada consequência que possa te alegrar. Agir pelo medo é prático e fácil porque basta andar por um caminho já percorrido ou simplesmente estagnar e deixar o barco correr. O que você prefere? O friozinho na barriga ou um vazio no peito?

“PEDIR AO UNIVERSO”

Você pode até estar pensando “nossa, que místico, que balela, não acredito nessas coisas”, mas isso é muito mais terreno, real e simples do que se pode imaginar. Para você, senhor prático que está duvidando, vou contar uma história que aconteceu recentemente. Não é bem uma história minha, mas eu estou nela. É a prova de que pedir não custa nada e que, se tudo der certo, seu pedido será atendido. Desde o dia 14 de maio, eu estava com o ingresso comprado para o show, em Porto Alegre, da banda Queens of the Stone Age. Era um show que eu queria muito ver novamente (a primeira vez foi em 2010, no festival SWU, em Itu). O show seria somente em setembro mas, literalmente, da noite para o dia, os ingressos da pista premium se esgotaram e o restante, nas duas semanas posteriores. Tava na cara que seria muuito bom. Então, era só esperar, já estava tudo certo e combinado. Até que, num dos dias que antecipavam o show, o meu namoro de quase quatro anos acabou. Perdi a carona, perdi a companhia. Tentei dar um jeito, falar com outras pessoas, mas não teve como. A saída era ficar em casa.

Confesso que no início eu pensei “Mas que vida injusta essa minha! Eu queria tanto ir.” Mas daí comecei a lembrar que muita gente também queria, mas não conseguiu comprar ingresso. No dia do show, fiquei pensando o que eu faria. Tive a ideia de doar o meu ingresso. Como ele era um arquivo pdf, era só mandar por e-mail pra quem quisesse ir. Corri pro Facebook. Comecei a falar com amigos que moram em Porto Alegre, pra ver se gostariam de aproveitar o meu ingresso e ir no show. Afinal de contas, seria um desperdício deixar ele ali, mofando no meio dos meus arquivos do computador e acabar sendo deletado logo. Alguns dos meus amigos não estavam online, outros não gostavam da banda, mas me avisariam caso conhecessem alguém que quisesse ir. Até que eu falo com um amigo que eu tinha certeza de que iria querer o ingresso pro show. Se ele estivesse em Porto Alegre. Quando achei que minhas esperanças haviam se esgotado, esse amigo me diz que conhecia um cara do trabalho dele que queria muito ir no show. Então o amigo dele viria falar comigo pra acertar todos os detalhes. Logo que ele me disse o nome do cara, procurei pra ver quem era a pessoa. Para a minha surpresa, ele havia postado o seguinte: “Hipótese: algum de vocês ter um ingresso pro Queens of the Stone Age pra me doar. Mas só uma hipótese.”.

Eu pensei naquele mesmo minuto: “Era pra ser, não tem outra explicação. E que guri sortudo, hein?” Fiquei uns dois minutos imóvel, olhando para aquela frase. Confesso que me passou um milhão de coisas pela cabeça e me senti como um grão de areia. Se não fosse pelo amigo em comum, eu nunca conheceria essa pessoa e nem nunca teria a mesma oportunidade de doar o meu ingresso. Aquele ingresso. Alguma coisa me dizia que eu podia confiar, afinal de contas, eu teria que enviar cópia dos meus documentos pra ele. Sem conhecer a pessoa, além de enviar o meu ingresso, fiz uma carta de autorização de uso do mesmo (porque estava em meu nome), e enviei uma cópia da minha identidade, CPF e do cartão de crédito que eu usei para comprar o ingresso. A única referência que eu tinha: um amigo em comum.

Desejei a ele um bom show e torci pelo melhor. Eu, que até então estava triste, me senti tão bem em poder fazer a alegria de alguém, que esqueci qualquer problema. Um dia depois do show, recebo uma notificação no celular. Alguém havia me marcado em uma publicação. Era o cara, agradecendo a mim e ao amigo em comum pelo ingresso do show. Fiquei feliz. Tão feliz que esqueci o fato de que eu não fui ao show. Parecia que eu tinha ido e me divertido muito. Aí eu tive a oportunidade de conversar com o guri e descobri que temos coisas em comum. Ele também gosta de Incubus, a minha banda favorita! Ou seja, com toda a certeza ele é gente fina e mereceu aquele ingresso e cada minuto daquele show.

Agora, depois dessa história, você acredita que pode pedir o que quiser para o universo? Diga o que você quer, pra todo mundo. Pode ser de um ingresso para um show a um emprego. Se ninguém souber do que você precisa, vai demorar muito mais para conseguir sozinho o que se quer. Acredite, existe muita gente legal por aí. Gente que tá disposta a dar uma força para quem precisa. Se você precisa dizer alguma coisa a alguém, faça isso! Ninguém tem bola de cristal pra adivinhar o que você quer. Tente com pequenas coisas, mesmo que você duvide de tudo o que eu acabei de falar. Tente, mesmo que seja por birra, pra tentar provar que eu estou errada. Tenho certeza de que você vai se surpreender com as respostas. :}

E você? Tem alguma história surpreendente para contar? Ela pode virar inspiração para um post aqui do blog! Envie para contato@histeriacoletiva.com

Beijocas.

PLAYLIST DO POST:

Diamonds and Coal – Incubus

Change the World – Eric Clapton

Change is Gonna Come – Gavin DeGraw (cover de Sam Cook)

Hard to Handle – The Black Crowes

Mind Trick – Jamie Cullum

Don’t Wait Too Long – Madeleine Peyroux

Ou ouça tudo junto no Grooveshark.

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