[San Diego] Aí vamos nós! – Parte 1: O monstro sob controle

Por Karina Castilhos

 

Sempre ouvi e vi histórias de pessoas que largaram todo seu conforto, sua vida bonitinha e se mandaram por esse mundão. Por que não poderia fazer o mesmo? Por quê? Porque tenho medo, a resposta é simples! Imagina, como é que poderia ficar longe da minha família, amigos e cachorros?

Acho que sou a pessoa que sente mais saudades nesse mundo. Sou irritantemente sentimental. Choro por qualquer coisa. Já pensou no estado que iria ficar, longe de tudo e todos? E se eu não agüentar, vou estar a quilômetros de distância. E se acontecer alguma coisa com eles por aqui enquanto eu estiver fora? E se eu não conseguir me adaptar ao novo lugar? E se, e se, e se. Mecanismo perfeito esse da mente em nos boicotar não é? Ainda mais a minha mente, ela é campeã nisso. Sabe direitinho o que fazer para me deixar nesse estado de medo.

Compreendendo as artimanhas do meu estado pensativo, e claro, com a ajuda do mestre Eckart Tolle (ser iluminado, a cada palavra que leio do seu livro, sinto que levei um soco no estômago), comecei a entender que o mundo conspira a nosso favor, quem não conspira somos nós! Como isso? Com a nossa super mente pensante e seus “e se”. O medo é a melhor ferramenta de acovardamento. Respeito o medo, respeito de coração. Acho que o medo foi fundamental no desenvolvimento do ser humano, como, por exemplo, medo de predadores e organismos que, com a maior facilidade do mundo, nos devorariam. Esse medo é importante, daria o nome de medo instintivo. O restante dos medos têm que nos trazer sentimentos bons, o famoso friozinho na barriga, ou aquele medinho bom que dá do desconhecido. Esses medos temos que reconhecer e tirar proveito. O que a grande maioria das pessoas faz é confundir o medo instintivo com o medo bonzinho, aí ferrou.

E era isso que vinha fazendo em relação a morar em outro país. Na minha cabeça um monstro mutante estava me aguardando para me devorar e devorar minha família que ficaria aqui. Coisa de louco! Bom, voltando a história principal desse texto, não me deixem filosofar muito, se não perco o foco. Então, nessas constantes guerras mentais, entre ficar e morar fora, meu namorado, que já é bem calejado nessa história de viajar, vivia me instigando com essa ideia de morarmos fora por um tempo. E eu? Óbvio, sempre achando um zilhão de desculpas para não ir.

Então, em um lindo dia de inverno, eu estava sozinha em casa, meu namorado já estava há mais ou menos duas semanas fora, estava viajando em função do trabalho. Fui tomar um bom banho quentinho, liguei a estufa no banheiro (afinal, era inverno e onde eu moro no inverno é frio para car#*@&) e então brilhou na minha mente: “quero sair daqui por um tempo”! Não sei se foi o frio que congelou meus neurônios, ou o filme que tinha visto uma noite anterior. Aquele com o Gerard Butler, Chasing Mavericks, se eu não me engano o nome em português é “Tudo Por Um Sonho”, onde conta a história do surfista Jay Moriarity.

Enfim, de repente, do nada bateu a vontade. E eu estava louca para contar para o meu namorado que finalmente eu queria o mesmo que ele! Passaram-se alguns dias, eu com aquela super novidade trancada na minha garganta esperando ele chegar. Quando contei, ele ficou super empolgado, e logo começamos a planejar nossa nova vida, onde e quando íamos, como iríamos tornar isso possível. – Essa parte é tão empolgante quanto a viagem em si né? Nos projetamos todos os dias um pouquinho para lugares que gostaríamos de visitar, pesquisamos e tentamos nos tornar experts no país que pretendemos conhecer. – Bom, a idéia era irmos em janeiro ou fevereiro de 2015, e já era agosto! Tínhamos muito a fazer, afinal nem passaporte eu tinha. Ah, esqueci de mencionar antes, decidimos ir para a California!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *