SOBRE SEXO, DROGAS, REDES SOCIAIS E MUITO AÇÚCAR.

chocolate

Não foram poucas as vezes, eu garanto, que você deve ter ouvido ou proferido algo como “comi demais e estou me sentindo gordo(a)” ou “comi uma barra inteira de chocolate e me arrependi”, certo? Antes de você fazer exame de diabetes ou comprar um vermífugo pra tirar essa lombrigona daí de dentro, é bom pensar um pouco e achar a raiz do seu problema.

Tá, mas o que sexo e drogas têm a ver com açúcar e esse papo todo sobre comida? Pois eu digo: tudo! Nos dias de hoje, a sexualidade tá chegando mais cedo na vida da gurizada. Adolescentes de quatorze e quinze anos já têm uma vida sexual mais ativa do que jovens adultos na casa de seus vinte e cinco anos. E, desses jovens adultos, uma parcela bem pequena perdia a virgindade antes de sair da escola. Aí começamos a questionar os motivos dessa precocidade, dessa aceleração toda e… calma aí. Já volto para esse assunto. Preciso falar sobre outra coisa agora.

Quando eu uso o termo “drogas”, estou incluindo aqui não somente drogas ilícitas, mas também – e principalmente – o cigarro e o álcool. Eu era bem nova quando eu comecei a frequentar boates e festas onde bebidas alcoólicas eram vendidas. Era tudo muito novo, gente mais velha, roupas impecáveis, muita maquiagem e, claro, copos por todos os lados. Era um mundo totalmente diferente e, para alguém que ainda estava na escola, cada festa era uma caixinha de surpresas. A comanda era sempre estampada com um grande carimbo que dizia “MENOR”, o que significava que descolar bebida com alguém maior de dezoito anos era sempre uma aventura. Aí vem a pergunta: mas qual era a necessidade de beber? Bem, vou explicar.

A resposta vem imediatamente após o momento em que o líquido começa a fazer efeito. Não somente os adolescentes, mas os adultos também, encontram na bebida uma forma de criar coragem e sentir uma segurança que não existia ao passar pela porta de entrada. Depois do primeiro copo, qualquer música é “dançável”. Qualquer passinho de dança se torna a incorporação da Beyoncé. Qualquer olhar prolongado faz a pessoa se sentir mais bonita. A sensação é boa e a vontade é a de que a sensação jamais passe. Mas ela passa. Aí, quem você vê chegar na pista? AQUELA pessoa. Talvez ele ou ela não saiba que você está a fim. Você passa caminhando muito perto, com aquela confiança de quem acabou de ganhar um concurso de beleza. Sem olhar, é claro. E você vai perguntar para as pessoas que estão com você se a tal pessoa ficou olhando ou não.

A partir de agora, tudo mudou. A pista de dança não é mais a mesma. Parece que a boate ficou maior e mais cheia de repente. Você passa a maior parte do tempo olhando para os lados na intenção de não perder o seu alvo de vista. É uma perseguição de gato e rato, mas a pessoa não pode se dar conta disso. Às vezes ela nem sabe da sua existência. “Casualmente”, vocês se esbarram em qualquer ambiente em que a pessoa estiver. “Precisa me notar, precisa me notar”, você pensa. Então está na hora de conseguir mais um copo de bebida e você vai atrás daquele amigo mais velho que tem uma comanda sem restrições. O que você e seus amigos beberam antes, se era whisky, vodka ou cerveja, você não quer saber. Você só precisa se sentir seguro novamente para, quem sabe, tentar uma aproximação. Bebe dois goles grandes daquele copo e, logo vai se sentir destemido novamente.

Possibilidades: ao voltar pra pista, você tem a certeza de que a pessoa vai vir na sua direção sorrindo e dançar ao seu lado. Ou você vai chegar lá perto, sorrir, a pessoa vai esboçar um sorriso de volta e você diz “oi”. Ou a pessoa já não está mais no mesmo lugar porque você demorou demais para achar aquele amigo que ia conseguir a bebida para vocês. Ou você vai ver a pessoa conversando animadamente com alguém. Ou a pessoa vai estar beijando alguém. Calma, você ainda nem saiu de perto do balcão e todas essas cenas passaram pela sua cabeça em menos de meio minuto. Então você avista aquele amigo do seu primo com um cigarro na mão e você pede um. Ele te faz jurar que não vai dedurar ele, pois não quer encrenca com seu amigo (ou pior, com sua tia). Você acende o cigarro, aproxima ele dos lábios e já começa a tossir. Você nunca havia feito isso antes, então vai só andar por aí com ele na mão e, no caminho até a pista, já queimou sem querer o braço da sua amiga.

Você chega na pista, a pessoa está lá. E então, o que você faz? Bem, o resto da história fica por conta da sua imaginação. Só queria ilustrar uma situação bem comum na vida dos jovens, principalmente em festas. Provavelmente você conhece alguém que já passou por isso ou por parte dessa história que acabei de descrever. O que acontece, em muitas das vezes, é que por conta da insegurança e da incerteza do que pode acontecer, algumas pessoas se afundam num copo, misturam fermentados com destilados e acabam passando o resto da festa no banheiro vomitando ou caindo no meio das pessoas e fazendo o maior fiasco.

E tudo por causa do quê mesmo? Da velha amiga (da onça), a insegurança. A gente queria poder saber o que vai acontecer no futuro, mesmo que seja um futuro de três ou quatro horas. E essa insegurança acompanha as pessoas não só nas festas, mas no dia-a-dia. No relacionamento com aquele rolinho, com seus amigos, no trabalho. Por tentar querer saber tudo e se preocupar demais com o que os outros vão pensar da gente, a gente acaba deixando de aproveitar cada momento das nossas vidas. E aí que eu quero chegar: o ponto de encontro entre o sexo, as drogas, as redes sociais e o açúcar.

O que acontece quando ingerimos alimentos ricos em açúcar? Inclua todas as gordices: desde a barra de chocolate que você comeu inteira e se arrependeu até o saco de bisnaguinhas com manteiga ou geleia de morango. Quando a sua língua percebe aquele gostinho doce, o seu cérebro recebe uma mensagem e ativa seu “sistema de recompensa”. Ele então libera algumas substâncias que vão te fazer querer comer mais e, por consequência, ter aquela sensação de bem-estar novamente. E sabe o que mais, além do açúcar, ativa o sistema de recompensa do seu cérebro? As interações sociais, o sexo e as drogas.

Logo depois de postar aquela foto que você ficou um tempão ajustando, você vai conferir, de tempos em tempos, se alguém curtiu ou comentou alguma coisa. Enviar mensagem para alguém então, nem se fala. Ao primeiro sinal na tela do seu celular, o sistema de recompensa começa a entrar em ação. Ficar a fim de alguém dá aquele friozinho na barriga. E, a cada avanço, a cada vitória nessa batalha de estar com quem se gosta, aquela sensação boa aparece novamente. Cigarros e álcool vão te deixar mais seguro e, quando você se der conta, vai achar que qualquer atitude sua requer estar com as mãos ocupadas com um copo ou algo do tipo. Como essa sensação é temporária, você vai querer sempre mais e mais. E você sabe como conseguir. Só que dopamina liberada em excesso pelo seu cérebro vai gerar o efeito contrário do que se espera, como a perda do controle, desejos e o aumento da tolerância ao que te causa o bem estar. Essa tolerância adquirida pode te fazer beber mais, começar a usar drogas mais fortes, se expor mais nas redes sociais e etc.

E o sexo precoce, onde entra na história? Pode parecer cruel o que eu vou dizer mas, ao que tudo indica, ele (às vezes) é a consequência da insegurança. Como ela nos deixa confusos, sem saber que decisão tomar e muitas vezes tristes, a tendência é tentar evitá-la. O excesso de exposição da intimidade nas redes sociais, as comidas cada vez mais ricas em açúcares e a acessibilidade à outras drogas nos causa o “efeito reverso” de forma mais rápida. O sexo se apresenta como alternativa para ativar o sistema de recompensas e nos fazer sentir bem (porque estamos, na verdade, nos sentindo muito mal) ou até num esforço inútil de tentar manter aquela tão desejada pessoa mais perto e por mais tempo (o que, claro, pode não durar muito e ele ou ela te trocar por alguém que você detesta). E aí começa tudo de novo, numa incessante busca de quê? De nos sentirmos bem, confiantes, seguros, protegidos, queridos e desejados.

Mas esse é um trabalho interno que deve ser desenvolvido. E vai chegar o dia em que você vai ver que não precisava de todos esses artifícios para descobrir que, para nos sentirmos bem, basta querer. :)

Nota final:

Queridos leitores, quero deixar bem claro que não estou fazendo apologia às drogas, à promiscuidade ou qualquer outro comportamento nocivo ao ser humano. Ao contrário. Escrevi esse texto para mostrar como o bem-estar momentâneo pode ser prejudicial a longo prazo. Ah, aquela situação ilustrada na boate não é experiência própria, ok? Nunca pus um cigarro sequer na boca (meu pai fumou boa parte da vida dele e andava sempre fedendo a fumaça – eca!). No entanto, é algo bem comum na vida de adolescentes e adultos. Se você estiver passando por uma situação dessas, vai ser legal refletir sobre o assunto. Qualquer coisa que precisar, pode contar comigo, tá? O e-mail do blog é falecomhisteriacoletiva@gmail.com. Vou adorar conversar contigo!

Para mais informações sobre como o açúcar afeta o nosso cérebro, assista este vídeo explicativo bem legal.

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Beijocas.

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